BB e Caixa derrubam juros para estimular a economia
A concorrência começou no próprio governo. Quando soube que a Caixa Econômica Federal lançaria no domingo seu pacote de redução dos juros com uma campanha publicitária no “Fantástico”, o Banco do Brasil (BB) se antecipou e anunciou corte de até 78% em suas taxas no início da tarde de ontem. Decidiu também divulgar o pacote, batizado de “Bompratodos”, na próxima edição do programa dominical. A propaganda do BB só iria ao ar no dia 15. O movimento coordenado para derrubar o custo do crédito foi uma determinação da presidente Dilma Rousseff para impulsionar o crescimento do país, como antecipou O GLOBO em fevereiro.
— O Banco do Brasil optou por ser pioneiro na redução dos juros — disse o vice-presidente de Atacado, Paulo Caffarelli, que aposta que o comportamento do banco terá impacto no mercado.
Em comunicados divulgados ontem depois do anúncio dos cortes pelo BB, o Itaú Unibanco informou que está analisando o cenário para decidir se irá ou não reduzir juros. Já o Bradesco afirmou que “avalia a possibilidade de redução” de suas taxas, enquanto o Santander disse em nota que “vem reduzindo as taxas de juros de seus produtos, nos últimos meses”.
Segundo interlocutores do governo, os estudos apontam que a tacada nos juros vai reduzir os ganhos dos dois bancos em mais de R$ 2,5 bilhões por ano. No BB, os juros do financiamento de veículos, por exemplo, caíram de no mínimo 1,24% ao mês para 0,99% ao mês. Quem recebe salário pelo banco terá juros de 3% ao mês no crédito rotativo do cartão. A taxa anterior chegava a 13,62%.
O BB também lançou linhas específicas para estimular o consumo. O juro médio será reduzido em 45% na aquisição de eletroeletrônicos, materiais de construção, serviços de turismo, equipamentos de informática e outros bens e serviços.
A Caixa só divulgará o pacote de medidas na segunda-feira mas, segundo fontes, os cortes serão ainda mais ousados. Quem recebe salário pelo banco — por exemplo, boa parte dos funcionários públicos — poderá pagar juros de apenas 1,30% ao mês no cheque especial. No cartão de crédito, a taxa cairá de 12,86% para 5,98%.
O alvo do BB são os 31 milhões de pessoas que recebem seus salários por outras instituições; 17,8 milhões de aposentados que não têm relacionamento com o banco e ainda 50 milhões de clientes da chamada nova classe média que tendem a consumir cada vez mais serviços bancários. A expectativa é atingir 69 milhões de pessoas. O BB aumentará em R$ 26,8 bilhões os limites de crédito para micro e pequenas empresas e em R$ 16,3 bilhões os limites para pessoas físicas.
Para especialistas, taxas são insustentáveis
Apesar da determinação do Palácio do Planalto de usar os bancos públicos para forçar queda nos spreads (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final), dentro do próprio governo há dúvidas de que as duas instituições terão fôlego para segurar empréstimos tão baratos por muito tempo, caso haja uma corrida para eles. Há também preocupação com o risco.
Para o economista Roberto Troster, as novas taxas para cheque especial e cartão são insustentáveis a longo prazo. Ele lembrou que, em fevereiro, a taxa média anual do cheque especial da Caixa estava em 140% ao ano e com a mudança, ficará em 15% (para quem recebe pelo banco).
Segundo Carlos Coradi, presidente da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, os acionistas do BB vão começar a reclamar quando virem minguando o lucro do banco, que tem ficado no patamar do setor privado. Caffarelli, do BB, nega que haverá recuo nos ganhos, já que conta com elevação da base de clientes.
Para especialistas, os cortes podem levar a uma redução de juros em outros bancos, mas ainda não há espaço para um movimento de quedas acentuadas das taxas no país.
— O ideal seria se baixasse os juros do crédito para todos os clientes, mas se for só para quem tem salário no banco é como se fosse consignado — diz Miguel Oliveira, economista da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac).
Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, observa que os juros tendem a cair de qualquer forma, já que a Selic, que está em queda, deve fechar o ano em 9%. Basta a inadimplência, que era superior a 7% em fevereiro, ceder.
Após o anúncio dos cortes, as ações do BB despencaram 5,91%, a maior queda do Ibovespa, índice de referência da Bolsa, que recuou 1,18%. Também afetaram as ações do setor bancário como um todo, com quedas nas ações preferenciais (PN, sem voto) de Itaú Unibanco (3,08%) e Bradesco PN (2,52%). As do Santander caíram 1,79%.
— O Banco do Brasil optou por ser pioneiro na redução dos juros — disse o vice-presidente de Atacado, Paulo Caffarelli, que aposta que o comportamento do banco terá impacto no mercado.
Em comunicados divulgados ontem depois do anúncio dos cortes pelo BB, o Itaú Unibanco informou que está analisando o cenário para decidir se irá ou não reduzir juros. Já o Bradesco afirmou que “avalia a possibilidade de redução” de suas taxas, enquanto o Santander disse em nota que “vem reduzindo as taxas de juros de seus produtos, nos últimos meses”.
Segundo interlocutores do governo, os estudos apontam que a tacada nos juros vai reduzir os ganhos dos dois bancos em mais de R$ 2,5 bilhões por ano. No BB, os juros do financiamento de veículos, por exemplo, caíram de no mínimo 1,24% ao mês para 0,99% ao mês. Quem recebe salário pelo banco terá juros de 3% ao mês no crédito rotativo do cartão. A taxa anterior chegava a 13,62%.
O BB também lançou linhas específicas para estimular o consumo. O juro médio será reduzido em 45% na aquisição de eletroeletrônicos, materiais de construção, serviços de turismo, equipamentos de informática e outros bens e serviços.
A Caixa só divulgará o pacote de medidas na segunda-feira mas, segundo fontes, os cortes serão ainda mais ousados. Quem recebe salário pelo banco — por exemplo, boa parte dos funcionários públicos — poderá pagar juros de apenas 1,30% ao mês no cheque especial. No cartão de crédito, a taxa cairá de 12,86% para 5,98%.
O alvo do BB são os 31 milhões de pessoas que recebem seus salários por outras instituições; 17,8 milhões de aposentados que não têm relacionamento com o banco e ainda 50 milhões de clientes da chamada nova classe média que tendem a consumir cada vez mais serviços bancários. A expectativa é atingir 69 milhões de pessoas. O BB aumentará em R$ 26,8 bilhões os limites de crédito para micro e pequenas empresas e em R$ 16,3 bilhões os limites para pessoas físicas.
Para especialistas, taxas são insustentáveis
Apesar da determinação do Palácio do Planalto de usar os bancos públicos para forçar queda nos spreads (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final), dentro do próprio governo há dúvidas de que as duas instituições terão fôlego para segurar empréstimos tão baratos por muito tempo, caso haja uma corrida para eles. Há também preocupação com o risco.
Para o economista Roberto Troster, as novas taxas para cheque especial e cartão são insustentáveis a longo prazo. Ele lembrou que, em fevereiro, a taxa média anual do cheque especial da Caixa estava em 140% ao ano e com a mudança, ficará em 15% (para quem recebe pelo banco).
Segundo Carlos Coradi, presidente da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, os acionistas do BB vão começar a reclamar quando virem minguando o lucro do banco, que tem ficado no patamar do setor privado. Caffarelli, do BB, nega que haverá recuo nos ganhos, já que conta com elevação da base de clientes.
Para especialistas, os cortes podem levar a uma redução de juros em outros bancos, mas ainda não há espaço para um movimento de quedas acentuadas das taxas no país.
— O ideal seria se baixasse os juros do crédito para todos os clientes, mas se for só para quem tem salário no banco é como se fosse consignado — diz Miguel Oliveira, economista da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac).
Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, observa que os juros tendem a cair de qualquer forma, já que a Selic, que está em queda, deve fechar o ano em 9%. Basta a inadimplência, que era superior a 7% em fevereiro, ceder.
Após o anúncio dos cortes, as ações do BB despencaram 5,91%, a maior queda do Ibovespa, índice de referência da Bolsa, que recuou 1,18%. Também afetaram as ações do setor bancário como um todo, com quedas nas ações preferenciais (PN, sem voto) de Itaú Unibanco (3,08%) e Bradesco PN (2,52%). As do Santander caíram 1,79%.
FONTE: CATITOS
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